terça-feira, 19 de maio de 2009

PETROBRAS E AFRO REGGAE: Gritos Que Ecoam Na Multidão



A cerca de dois meses estive em visita junto a duas amigas – A Arquiteta Priscila Pontes e a Acadêmica da Universidade de Liverpool Lucy Grant – ao Complexo do Cantagalo, que reúne a comunidade do Pavão, Pavãozinho e do Cantagalo.

Lá no alto da comunidade, encontramos um antigo hotel abandonado que foi encampado no governo Leonel Brizola, e virou Brizolão (na verdade funcionam ali três CIEP´s) e ainda um núcleo do Projeto Criança Esperança da Rede Globo/Unicef e ainda o núcleo Cantagalo do Afro Reggae – era dia do Circo – e como por lá rolam várias oficinas de circo (entre outras artes e uma academia de boxe e ainda uma rádio comunitária) para a molecada (que são contratadas para trabalho em circos em diversas partes do mundo, incluindo, o Circo de Soleil), fomos convidados, depois de agradável papo e explicações a cerca do funcionamento do núcleo, a assistir, a apresentação dos alunos.

Perguntei a uma das Coordenadoras do Núcleo: - por que com toda a visibilidade do AfroReggae, e ainda, pelo fato de ser hoje dia do circo não há uma câmera sequer de fotografia e/ou de vídeo dos jornais e televisões aqui?
Ao que responde ela: Sylvio, a eles (imprensa) só interessa mostrar o que há de pior aqui...Se hoje estivesse acontecendo aqui, um tiroteio, um confronto, a paisagem limpa que você vê, estaria poluída com um número enorme de helicópteros, jornalistas e a policia...Mostrar o que a favela produz de bom não dá audiência...

A apresentação foi algo de muito lindo...Não é possível ter idéia sem presenciar a qualidade da apresentação, e portanto, da formação daqueles jovens...Imagino aquela comunidade invadida com um grande choque de educação, saúde, cultura, arte e lazer.

Mudando de alhos para bugalhos e tentando ainda costurar uma tese crônica:

Que a Petrobrás nos deve explicações a cerca de suspeições em sua administração não há dúvida;
Que seus documentos fiscais devem ser divulgados no site transparência zero é um mínimo de exigência a ser feito

Mas

Usar a potência do momento que a empresa atravessa, jogando-a, de forma tresloucada a voracidade insana de um Congresso Nacional, maculado, prejudicado, sangrando muito, quase aos pés da cruz é muito zelo e irresponsabilidade...Para salvar a imagem desconstruída a cada dia, por ações irresponsáveis de nossos senadores e deputados, joga-se aos desencontros da imprensa comprometida brasileira que tritura e vende nas praças brasileiras tal churrasquinho de gato a grande Petrobrás.

O que me impressiona é a forma como a transação toda é feita e construída, e o despreparo meu e da sociedade brasileira, para degustar o fato tal como ele é posto a mesa ou a praça ou a margem da rua...É impressionante.

Tal qual a cena, e circunstância, que vivi junto as minhas engajadas e atentas amigas no Complexo do Cantagalo, acontece em outras dimensões com a Petrobrás...Não é vantajoso a necessidade de IBOPE das emissoras de tv e ainda aos números de venda de jornais divulgar a ação magistral, sensacional e mágica de um trabalho tão difícil quanto o que realizam os artístas oficineiros, as profissionais da área de Assistência Social e Psicologia, as Cozinheiras, os Coordenadores e enfim todos que ali devotam tempo de vida para acordar a sociedade de que é possível fazer uma máquina emperrada funcionar tanto quanto não é interessante a imprensa comprometida e aos parlamentares da oposição vislumbrar tamanha conjuntura de sucesso na condução problemática da Nação brasileira, esta mesma, em que apoio meus pés e que vejo crescer meu filho e sobrinhos...

Para impor uma existência que não tem produzido repercussão alguma que não sejam as vergonhosas atitudes que a imprensa não nos tem poupado a cada dia – e ainda bem que existe ainda, dentro deste quarto poder, alguma sanidade, seriedade e ética – dilui-se a importância daquela que é e sempre será o orgulho nacional

E por favor não me vejam pelo teor deste post, como um ufanista do governo ou da Petrobrás...Soul não...Só que não há como ficar calado diante desta mequetrefica manobra.